Por favor, prenda-me!
Não mereço estar em meio a sociedade;
Minha presença já não é assim tão recomendável!
Agora, em minha mente só gera maldade.
Adquiri instinto selvagem,
Já nem me conheço...
Coloca-me entre quatro paredes,
Por quanto, sei que é tudo o que mereço.
Guarde as chaves onde só tú saibas,
Só a noite, após o teu turno, venha me interrogar.
Direi-te que já sou criminoso,
Só de tantas sandices pensar.
Confesso-te, que tamanho absurdo,
Jamais poderia eu, imaginar;
Eu, que até então era pacato,
Pus-me agora em desacato, só de intentar.
Mas por favor, aponte logo em meu peito, sua .40,
Ponha-se logo em defesa!
Posso não ser assim tão pacato,
Já te desejo ecaixada em meus braços deitada sobre essa mesa!
Aperta logo o gatilho!
Não precisa ter de mim, piedade!
Sei que meus instintos, agora são maus,
Mas sobre o meu coração, só tú tens autoridade!
Se ainda mais, queres saber, volte amanhã,
Por hoje me basta de tortura;
Deixa em descanso esse pobre bandido!
Volte amanhã e te conto um pouco mais, sobre minha amargura!
À noite, num estalo e a chave gira!
O inquérito continua...
Quero logo por fim aos motivos do porque me deter,
Sabe, outro dia tive a sorte dos meus olhos cruzarem com o seus, no meio da rua.
Desde então, meus instintos se corromperam,
Agora, ser esse bandido é a minha inclinação!
Talvez seja essa, a minha revolta...
Viver com o peito vazio, onde antes pulsava um coração.
Não sei se foi minha a culpa,
Tão pouco direi que a culpa foi sua!
Só sei que agora, penso ser eu, um contraventor,
Tentando tomar de ti, o meu coração, como um trombadinha no meio da rua!
Agora que tu sabes o meu delito,
Tú sai batendo a porta, e aqui me deixa aflito.
Porta fechada, logo sei que ainda vai voltar,
Bem sei que para ti, também foi surpresa e agora é o teu coração que está em conflito.
Outra noite, na chave mais um giro!
La vem ela, confusa e desarmada;
Olhos voltados pro chão,
Talvez por saber tão quanto é desejada.
Só então diz que irá por fim a minha tormenta,
Peço-te então, que lance logo a minha sentença;
Olhando agora em meus olhos,
Lança-se sobre mim, com viemência.
Seu crime é brando!
Porém sua sentença será de amargar;
Sua algema agora é no dedo,
Sua prisão será domiciliar.
Jpgomes
São Francisco de Itabapoana RJ-Brasil.