quarta-feira, 31 de maio de 2017

SEM DIREITO AO SOL


Queria apenas que antes que a seiva que circula em minhas células
Se aglutinem e congelem-se às torrentes do árduo frio
Que congela o meu ser,
Eu pudesse ver ao menos uma vez mais o sol,
Não para degelar minh'alma,
Mas apenas pra ter tempo de fazer com que uma sequer de minhas sementes,
Mature o suficiente para ser capaz de germinar.
Pois sou apenas árvore sem direito ao sol,
E sem calor,
Não mais há necessidade de minha sombra fria,
Pois de frio,
Basta eu pra me inanimar.



Gomes

DUAS VIRGENS E UM DESTINO parte 6

O tempo, inimigo eterno e por vezes o melhor amigo dos seres humanos, às vezes passa rápido demais e sem que Sophia desse por conta, aquele ano letivo findou-se e graças a sua dedicação, todos os seus alunos obtiveram um bom conceito (coisa que há muito não acontecia por lá) e todos passaram de série e resolveram dar uma festinha para comemorar.
Com a ajuda das mães e é claro, também o prefeito, realizaram uma linda festividade, onde muitas mães quiseram conhecer a professora que aceitara ser residente e assim, acabou com a famosa repetência que havia por falta dos professores que sempre vinham de longe e na maioria dos casos, desistiam no decorrer do ano.
Durante a festa, Sophia foi apresentada a varias senhoras mães daquela comunidade e fez muitas novas amizades, conhecendo assim, a senhora Denise, que em muito se destacou em interesse sobre a professora de sua filha mais nova. Assim, ela convida logo após alguns dias a professora para um café da tarde em sua residência, que fora aceito por Sophia. Lá chegando, a professora foi muito bem recebida e logo que o café foi servido, a professora fora bombardeada por inúmeras perguntas que ela já estonteada, foi mesmo assim respondendo as mais adequadas e digerindo as menos, só para não fazer desfeita e dá logo um chega pra lá na dona enxerida. Dentre aquelas perguntas respondidas, uma das que mais se destacou foi:
-- Você é namorada do Paulo, o taxista?
Imagina! Ele é apenas um amigo, uma pessoa que muito me ajudou desde que cheguei aqui, respondeu Sophia!
Meio sem graça, Denise disse:
-- É que a gente sempre vê vocês muito juntos e ele é tão sozinho e você também... Pensei que fossem namorados ou sei lá... Nem sabemos como você veio parar aqui e sempre com ele por perto...
Não, ele é só um bom amigo, além do mais, eu tenho muito mais com que me preocupar do que com arrumar um namorado!
-- É! Com o quê, por exemplo?
Ah... Com a turma... Eu dou aulas pra quatro turmas em dois turnos, que tempo me sobraria?
-- Ah! Uma mulher quando quer um homem, ela é capaz de coisas que ninguém imagina...
Mas eu não estou interessada mesmo!
-- É! Desde o acidente ele nunca mais foi o mesmo!
Acidente?
-- Foi há muito tempo... Tem mais de vinte anos, por ai...
Ele nunca me falou...
-- No pescoço dele, você não reparou?
Pensava que fosse uma deficiência natural... O que foi?
-- Foi um tiro... Dizem que foi um assalto que ele reagiu... Sei lá, só sei que ele não se lembra do passado... Já tem mais de quarenta e pra ele são só vinte e poucos!
Nossa! Ele nunca me falou sobre isso.
O papo está longo demais e eu tenho que dá uma faxina no meu cantinho... Já vou indo!

Sophia sai da casa de Denise e estava pasma de tanta nova informação.

terça-feira, 30 de maio de 2017

DUAS VIRGENS E UM DESTINO part(5/6)

A bela moça, que na verdade tinha em si uma fera pronta a devorar em nome de sua vingança já estaria bem estabelecida no período de quase um ano distante de seus avós, quando certa noite, já bem próximos das férias, o seu telefone chama em meio à madrugada. Sophia ainda atordoada de sono atende e eis que ouve a voz da sua avó:
- Querida, eu queria tanto você aqui!
- Oi vó, também estou morrendo de saudades! Diz Sophia.
- Mas pra senhora me ligar agora está acontecendo alguma coisa, né!
- Sophia, é o seu avô, temo que já nem haja tempo de você despedir-se dele, está muito mal, foi um infarto, ele nunca mais teve saúde desde que a sua mãe se foi!
Disse isso para amenizar, pois o s. Nelson havia falecido há 20 minutos.
Sophia então se pôs de pé e logo que amanheceu estava já com uma pequena bagagem de mão pronta e sem querer chamar pelo táxi, caminha até a pequena rodoviária, compra sua passagem rumo a capital e segue, para de lá então seguir até Mato Grosso. Só ao chegar a capital então Sophia decide ligar para Paulo, mas o telefone dele não chamou então ela lhe enviou um sms no qual dizia:
Tive problemas familiares para resolver; meu avô está muito mal e eu precisei viajar. Não tive tempo de avisar para ninguém, você pode, por favor, avisar na prefeitura?
Paulo teve um grande susto ao ver a mensagem bem mais tarde e correu por atender aquele pedido.
Após 48 hrs de viagem, enfim chega Sophia em sua terra natal, infelizmente não mais a tempo de sequer despedir-se do avô, pois vítimas de infarto não se deve aguardar muito pelo sepultamento, devido a possíveis fatos constrangedores, como sangramento do cadáver etc.
Ao encontrar-se com a sua avó, Sophia, ainda muito cansada e atônita, envolveu-se num abraço daqueles que não parecia ter mais fim e só então, puseram-se a conversar sobre o ocorrido.
Passaram-se dois dias e Sophia novamente teria de partir, pois agora, ela teria não mais tão somente a sua predestinada vingança, mais também uma turma letiva, onde por muitas vezes, era mais que professora. No dia seguinte, ela foi ao cemitério local, onde fez questão de firmar aos pés do túmulo do avô, s. Nelson, que havia sido sepultado no mesmo túmulo que ele mandara fazer para abrigar os restos mortais de sua filha e mãe de Sophia, a Sandra.
Dizia ela em seu pranto:
-- Vô, agora que o senhor está junto de Deus e da mãe, eu seu que tu sabes de muito mais coisas do que eu até agora pude descobrir, mas acho que estou á poucos passos de encontrar a pessoa que é verdadeiramente responsável por tudo que nos vem acontecendo desde os últimos 22 anos e quero que saiba que antes que nos encontremos outra vez, eu irei vingar cada lágrima de minha mãe e consequentemente as de todos nós.
Dito isto, ela se limitou a uma oração pela alma do avô e retornou a casa da avó apenas para despedir-se e pegar novamente a sua bagagem de mão. Ela estava tão centrada em sua sede de vingança que nem sequer ouviu os apelos de dona Ana que lhe pedia que ficasse um pouco mais ou que se possível, não mais partisse.
Mesmo com tudo, Sophia embarca novamente com destino à sua nova e pacata cidadezinha.
Enquanto tudo isso acontecia, Paulo muito preocupado e ao mesmo tempo com medo de atropelar a privacidade da professora, ficava cada dia mais apreensivo, mas sem ter coragem de ligar pra saber o que estava acontecendo, assim, ele seguia a sua rotina, embora sentisse que faltava àquela presença em seu dia a dia, pois afinal, já se passava quase um ano que eles se falavam e viam-se quase todos os dias.
Depois de quase uma semana, por fim, retorna Sophia, numa tarde em que tudo já se parecia cinzento para Paulo, quando soa o seu telefone...
Ao atender, ela diz:
O senhor pode buscar-me aqui na rodoviária?
De pronto, ele disse que sim e em poucos minutos lá estava Paulo com o seu táxi e a buscou. Muito indiferente, ele a notou e preferiu manter-se calado até que ela aos poucos começou a lhe contar o motivo que a fizera sair daquele jeito furtivo da cidade.
Bastante sensibilizado, Paulo presta-lhe as condolências... Ao deixa-la no colégio, muito sem jeito, ele limita-se apenas a deseja-la uma boa noite e sai sentindo se como se lhe faltassem alguns parafusos na cachola, como ele mesmo costumava falar quando não sabia definir as coisas.

Quando tudo parecia seguir novamente o seu rumo, Sophia decide intensificar a busca por sua incansável e insaciável sede de vingança e vai até a igreja visitada por seus familiares, há 23 anos. Mas, pra sua decepção, fora muito tempo passado para que alguém se recordasse de algo sobre aquele congresso, muito embora, lá houvesse apenas um ao ano e ela retornou muito entristecida, mas sem jamais perder o seu foco.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte 4/6)

E então, Sandra conta pra Sophia todo o ocorrido, ou quase tudo, pois em suas últimas palavras, Sandra também dera seu ultimo suspiro, selando assim, o destino daquela que teria como sua sede, a vingança.
Já Paulo, no auge de seus 35 anos, vividos dele apenas 19, pois após esses, ele havia apenas subsistido, como que a espera de algo que nunca lhe aconteceria, o que nem ele mesmo sabia ser, mas que ainda assim, esperava e assim o tempo passava...
Aos 20 anos de idade, Sophia se formava como professora e então, iniciou-se a sua carreira e como parte de seus planos, despediu-se dos seus avós e partiu rumo ao desconhecido, lecionando numa e noutra escola, ali e acolá, mas sempre rumo ao que lhe satisfaria.
Até que um dia, ela enfim, chega onde tudo poderia ter sido diferente. Desembarca na pequenina cidadezinha e chama por um taxi e logo fora levada para o colégio onde ela deveria dar aulas de português. Tendo recebido daquele taxista apenas um boa tarde e pra onde vamos?
Mas sem que Sophia percebesse, com todo o cuidado, ele a espiava, pelo retrovisor interno e indagava-se:
- Por que alguém tão jovem viria lecionar nesse fim de mundo? Sem dirigir uma só palavra, é claro!
Ao descer, Sophia pergunta:
- Pode me pegar amanhã as 9:00hs? Preciso ir até a prefeitura para acertar alguns por menores e o meu contrato!
- Sim, é claro! Responde-lhe Paulo.
No outro dia, pontual como sempre gostava de ser, Paulo deu um toque na buzina em frente ao portão do colégio às 9hs e Sophia de pronto atendeu-o ao sair.
- Bom dia! Direto para a prefeitura? Indagou Paulo!
- Acho que sim, ou melhor... Não! Primeiro um lugar onde eu possa tomar um bom café preto, sabe, eu ainda não me instalei direito...
Paulo dirigiu então até a padaria local, que apesar de única não oferecia tal serviço, mas que a pedido dele, providenciou-lhe o necessário a um bom desjejum e só então seguiram rumo a prefeitura.
No pequeno trecho que ligava àquela imponente obra provida de um escritório, secretária e dois banheiros, ( a tal prefeitura) Paulo fora bombardeado por tantas perguntas que ele chegara a ficar tonto. Aquela moça parecia querer saber mais dos adultos dali, do que das poucas dúzias de crianças, por lá existentes.
Por fim, chegaram e Sophia desceu e adentrou naquele local sem firmar um novo compromisso de ser apanhada.
Paulo ainda atônito pensava sobre as indagações da moça, mas por uma de suas principais perguntas, ele imaginava que ela buscasse ali, não apenas um trabalho, mas também alguma resposta de algo ainda não decifrado.
Ao entardecer, o telefone de Paulo tocou e para sua surpresa, era a Sophia, que embora eles não houvessem trocado telefone, ela não teve muita dificuldade de conseguir por lá, o numero do único taxista local.
- Saí da prefeitura e caminhei algumas ruas, mas agora não sei voltar, você pode me pegar?  Pediu a moça nervosa!
- Sim, eu estarei ai em 20 min. Aguarde-me na marquise mais próxima, que ao passar te vejo!
E assim, uma vez mais, Paulo a levou ao seu colégio, onde era agora professora residente.
Como taxista único, era quase impossível que os dois não se vissem diariamente e dessa forma, tornaram-se amigos e Paulo fora quem lhe ensinou a decifrar as esquinas, por aonde ir e os becos por onde jamais deveria passar.

O tempo foi passando e entre eles havia uma força indecifrável, às vezes perece até que liam os pensamentos um do outro, era uma ligação incondicional.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte3/6)

Lá se vai por água abaixo, um excelente nadador, um ótimo mergulhador e surfista nas horas vagas. Restava agora apenas torcer para que Paulo, sem o uso do cinto, pudesse escapar por uma porta aberta ou mesmo um vidro baixo, mas, o pior aconteceu, como se não bastasse uma bala alojada em sua primeira vértebra, próximo ao crânio, ele ainda batera com a cabeça, no momento do choque com as águas, pois o veículo estava de rodas para cima, no momento dessa colisão.  Mas nem tudo é falta de sorte, quando afundava, as águas que entravam o expeliram pela porta que se abrira e enquanto o veículo afundava, o seu corpo inerte era levado pela correnteza rio abaixo. Assim, viajou por pelo menos 4 km e como não respirava, não afogou-se e quando já se aproximava do mar, a maré o lançou sobre os manguezais.
Enquanto isso se aproximava das 8hs e nada da presença do canalha, como pensava Sandra. Chegou a hora da partida e Paulo não apareceu. Partiram então sem que os pais de Sandra soubessem de nada do acontecido entre o casal, nem sequer do ocorrido com o Paulo. Partiram rumo ao Mato Grosso, sua cidade natal.
Já à tarde, com a maré baixa, Paulo foi encontrado por catadores de mariscos, corpo imóvel, mas respirava e tinha pulso fraco. Acionaram então um socorro e logo fora resgatado e levado ao hospital, onde recebeu os primeiros socorros, mas como não havia maiores recursos, Paulo foi transferido para a capital, onde passou por uma cirurgia que retirou a bala que comprimia sua medula espinhal. Esperançosos os médicos disseram que havia uma chance de recuperação de 60%, mas como havia ficado muito tempo sem oxigênio, não poderiam avaliar a resposta do cérebro que certamente fora afetado. Até então, só havia movimentos em seus olhos e boca. Após 60 dias em estado semi vegetativo, Paulo se recupera e da inicio às seções de fisioterapia, mas com sua memória bastante afetada, lembra-se de quase nada.
Já em Mato Grosso, quase 700 km de Paulo, Sandra entra em estado depressivo e é levada a um hospital por seus pais. Lá, entre uma e outra bateria de exames, uma descoberta estarrecedora e diz o médico ao sr Nelson e dona Ana:
Parabéns, vovô e vovó, sua filha está grávida! Tem aproximadamente entre 10 e 12 semanas!
Para os pais de Sandra aquilo seria o fim de um sonho, mas na verdade, era apenas a continuidade de uma noite que nunca terminou.
Passando alguns dias, Sandra ainda pensava que mantinha o segredo a salvo, pois quando fora revelado, ela estava inconsciente, disse a sua mãe:
- Mãe, eu não estou me sentindo bem!
E sua mãe respondeu:
- Filha, até quando?
- O que mãe?
- Até quando você vai esconder que está gravida?
- Mãe, então vocês já sabem?
- Sim, filha! Desde que você passou mal pela primeira vez!
- Então não me vão por para fora de casa?
E o seu pai chegou e disse:
- Não filha! Vamos apoiar você, hoje e sempre, mas queremos toda a verdade de você!
Então Sandra lhe contou, enquanto eles ouviam boquiabertos.
Paulo por sua vez, faz grande progressão e tem alta, mas nada de memórias do seu passado. Voltando a sua cidadezinha, Paulo amnésia profunda possui agora também uma pequena deficiência em seu pescoço, que teve o nervo afetado pela bala, mas não se revoltou com o apelido que ganhara de Paulinho pescocinho. Pois só sabia que se chamava Paulo, porque lhe contaram os amigos, dos quais ele também não se lembrava.
Com sua volta e sem nenhuma testemunha, o inquérito foi arquivado como tentativa de roubo.
Então Paulo tenta recomeçar a sua vida, mas sem lembranças de quem era ou mesmo o que sabia fazer, não fora bem sucedido em suas tentativas, ainda pelo fato de sua pequena deficiência, que em nada atrapalhava, a não ser em sua aparência física.
Mas em sua perseverança, Paulo consegue retirar outra via de seus documentos, inclusive a de sua carta de habilitação, mas não sabia se conseguiria dirigir. Faz ele então, um teste para ser taxista e para sua própria surpresa, ele não teve nenhuma dificuldade e ganha o trabalho e fase de teste.
Em Mato Grosso, os pais de Sandra que tiveram a ideia de dizer que a filha havia sido vítima de um estupro, isso para não serem envergonhados pelo verdadeiro ocorrido com sua filha, se preparam para receber ao mundo sua netinha, que veio do ventre de sua mãe, tendo já traçado em seu destino uma enorme sede de vingança. Que cresceria com ela, ou talvez mais que ela própria. Seu nome dado ao nascer fora Célia, tendo depois ao registrar, ganhado o nome de Sophia, a pedido da mãe, que nunca mais saíra de seu estado depressivo, deixando assim, a pequenina aos cuidados da avó, que não lhe deixava faltar cuidados e mimos.
O tempo foi passando e muita coisa mudou. Com a chegada de novas tecnologias, Paulo foi submetido a uma ressonância, para ver o que provocava aquela amnésia, que deveria ser transitória, mas tornara-se irreversível, mas o resultado não foi satisfatório, pois nada, disse o medico que pudesse explicar aquele quadro fora encontrado em seu diagnóstico, assim sendo, disse o médico:
- Provavelmente há um fundo emocional que lhe broqueia, ou seja, você mesmo não quer se lembrar, meu rapaz, e quanto a isso, eu não posso ajuda-lo!
Era notório que mesmo depois de tanto tempo, Paulo não se relacionava com quase ninguém, apenas dizia bom dia e para onde vamos, eram suas palavras aos usuários de seu táxi. Ele nunca mais olhou com interesse para uma mulher sequer, seu mundo havia parado, para ele havia apenas trabalho e nada mais.
Já se passaram quase dezesseis anos e para ele era como se estivesse completando essa idade.
Enquanto lá, em Mato Grosso, A Sophia vencia o bullying e toda a sorte de uma garota criada por seus avós, sem uma mãe ativa ou um pai conhecido, mas chegara assim, ao seu baile de debutante, ela completara seus 15 anos. Mesmo que linda e cobiçada pela maioria dos garotos, Sophia não se importava com namoricos, ela tinha um incomensurável desejo dentro do seu coração, coisa que nada a faria desistir.
Uma vez mais Sandra teu o seu quadro depressivo alterado e desta vez, parece que não haverá volta; ela tentara suicídio e deu entrada no hospital pela última vez.
Mas sua passagem se dera alguns dias mais tarde, porém, antes ela ainda em tom de sussurro, gastou as suas ultimas forças para declarar a sua filha:
- Sabe filha... Senta-te aqui pertinho de mim!

Tem uma coisa que você precisa saber...


segunda-feira, 1 de maio de 2017

DUAS VIRGENS E UM DESTINO - parte(2/6)

- Não! Respondeu ela. De carro eu não posso, papai não consentiria!
- Mas a que horas será o culto? Perguntou Paulo.
Às 10hrs! Respondeu ela.
Paulo então lhe disse: - assim será difícil de conseguirmos uma grande quantidade de flores!
- Não faz mal! Disse ela, vamos a pé, e o quanto conseguirmos estará bom.
Seguiram assim então até a casa de Rose, a quem o Paulo havia pedido ajuda, uma vez que ele não conhecia todos os residentes daquele local.
De lá, partiram os três e de casa em casa foram arrecadando as flores que lhes eram doadas, até que conseguiram uma boa porção de rosas, lírios e outras das quais eles nem conheciam, mas que eram lindas.
Ao retornarem, um ponto para o Paulo, que se apresentara aos pais da Sandra, que só agora ele ficaria sabendo o seu nome, o que em nada mudaria seus sentimentos. Dado esse feito, foi convidado a participar daquele culto, tendo em vista que ele até então só se interessava por praia e discoteca, pois eram apenas estas coisas que haviam pra serem curtidas além dos cultos e missas dominicais naquela cidadezinha.
Correu até em casa, banhou-se rapidamente e pôs as melhores vestes que tinha e então partiu novamente a igreja. Lá chegando, foi convidado a sentar-se com aquela família; Senhor Nelson, dona Ana e Sandra, filha única do casal. Bastante atento a Liturgia da palavra e também ao sermão do pastor, Paulo estava também inquieto por saber como seria depois dali. Em dado momento, quando o pastor falava sobre a importância daquele encontro das igrejas, disse também o pastor (como que estivesse guiado pelo Espírito Santo) “ –Desse encontro, em nome de Jesus, sairão coisas extraordinárias, mas também por estarem distantes da sua rotina dominical, poderão existir a partir de hoje, novos rumos a algumas vidas”. Naquele momento, Sandra e Paulo estremeceram e subitamente suas mãos se encontraram e seus olhos se olharam como que fosse ouvida naquele momento, uma profecia sobre os dois. Findo o culto, Paulo e Sandra pareciam envergonhados sobre o acontecido e na cantina se mantiveram distantes, mas sempre unidos pelos olhares de ambos, até que ela muito mais experiente em termos religiosos se aproximou dele e perguntou:
- O que você sentiu no momento em que segurou a minha mão?
- Diz primeiro você, o que sentiu ao olhar os meus olhos? Disse Paulo!
-Dor, disse Sandra!
- Dor, Por quê? Indaga Paulo!
- Dizem que a verdade dói e eu senti como se o pastor falasse da gente!
- Pois eu tive medo, disse Paulo!
Sandra então sorri pra quebrar o gelo e diz:
- Medo na sua idade? Já passou de adolescente, sabia?
- Sei, responde Paulo! Mas que culpa tenho eu se os meus sonhos de adolescente resolveram se concretizarem só agora?
- Sonhos de adolescente? - Sei tão pouco de você pra saber algo dos seus sonhos de adolescente!
- Posso te contar, mas preciso de um tempo com você para isso, a história é longa!
- Eu partirei amanhã às 8:00hrs, você tem pouco tempo!
- No momento só posso te dizer que a partir de hoje, minha vida tem um novo norte, você!
E os dois despediram-se com um longo beijo, ficando de se encontrarem para o culto das 19h00hs.
Às 19:hs então Paulo já estava apostos para o culto e o que para ele era mais importante, está junto de Sandra.
No final do culto, ambos queriam se retirar para conversarem e assim o fizeram, mas sentiram se melhor beijando-se do que falando um ao outro de si.
Só então viram que o que havia entre eles era algo incomum e que tudo fariam para nunca mais estarem distantes um do outro.
Foi então que Paulo disse para Sandra:
Tenho nada que me impeça de estar com você para o resto da minha vida, bastou-me o hoje para ter certeza disto! Só te peço uma única coisa, posso?
- Sim! Disse ela, completamente absorvida pelo amor que chegava pela primeira vez ao seu jovem coração de 17 anos de idade.
Então Paulo pediu: - vem hoje comigo no baile, dançamos um pouco e será para mim, uma despedida de solteiro, uma vez que serei só de você agora!
- Não posso, papai é muito conservador e ele jamais permitiria que eu fizesse isso!
- Ele não saberá, saímos quando todos tiverem dormindo e retornaremos antes do alvorecer, só peço que confie em mim!
- Está bem! Disse Sandra, me espera logo ali na frente, quando todos estiverem dormindo partiremos!
Mais tarde, quando todos já dormiam, saiu Sandra então, num lindo vestido longo, para ir ao baile com Paulo.
Já passava da meia noite quando chegaram Paulo e Sandra ao baile. Logo ele tratou de apresentá-la aos amigos e para o desprazer de algumas garotas que viviam ao seu encalço, Sandra estava deslumbrante, não apenas para os seus olhos de apaixonado, mas também era notada por aquelas que nada gostavam do que viam.
Dançaram um pouco, pois ela não dominava bem o rock n roll, mas logo vieram as musicas lentas. Dançaram então ao som de Chris de Burgh ( Laydy in red) isso ela sabia como ninguém, depois veio Eurythmics –( The Miracle Of Love ) e Paulo então sentia o corpo de Sandra estremecer de paixão e desejo.
Antes do fim do baile, eles saíram para voltar e deixa-la na igreja antes que acordassem como havia prometido. Só que na volta, seus corpos ainda suados, afinal baile de verão é sempre quente, Paulo para o carro mais ou menos há uns três quilômetros da igreja e então eles comentam como foi bom, e como eles poderiam viver dali por diante, sempre juntos, não importaria se no baile ou na igreja, o amor deles era algo incondicional, e aquela febre do final de baile tomou conta deles, os envolveu e os fez perderem-se em seus desejos, conhecendo-se como homem e mulher. Por testemunhas, apenas o luar, as estrelas e o Criador. Mas como o dia já ameaçava romper na primeira barragem sob o oceano, Paulo e Sandra despertaram-se da loucura de outrora e correram contra o tempo, para não chegarem depois de todos já acordados e conseguiram. Despediram-se na promessa dele ir em casa, banhar-se e voltar tao logo amanhecesse, pois queria está com os pais de Sandra, pois ele a pediria em namoro e se desporia a seguir com eles, trabalhar numa empresa da família e firmar-se para então casarem-se.
Antes que Paulo saísse, Sandra lhe pergunta:
- Tu sabes bem o que fizemos né?
E Paulo responde:
- Sim, eu sei! Não me importaria se não fosse, mas você era virgem, mas não terá motivo de arrepender-se de ter se entregue a mim que a amo e farei qualquer coisa por você!
- Eu te amo! – Disse Sandra!
- Eu te amarei eternamente! Disse Paulo. – Já estou voltando!
E saiu Paulo, antes que alguém pudesse acordar...
Mas o que ninguém sabia, era que o destino havia reservado para o casal, sob o julgo de mãos impiedosas, que o despeito as fez agir.
Ao aproximar-se de casa, a uns 12 ou 13 km dali, a justiça injusta das mãos repletas de recalque o aguardava e ao passar, teve o seu carro alvejado por três disparos, onde um dele o atingiu o pescoço, inda assim, ele acelerou e não parou em sua residência, seguindo a estrada que ligava ao estado vizinho. Ferido, Paulo ainda foi seguido e teve seu carro ainda alvejado mais duas vezes onde um dos disparos atingiu o pneu dianteiro quando ele atravessava a estreita ponte da divisa. Do carro perseguidor então saíram pelo menos duas das barangas recalcadas do baile, que se puseram a olhar o chevette desaparecer nas águas turvas e profundas, naquele amanhecer cinzento. 

A MAIS AGUERRIDA

Todos os dias, eu agradeço ao Criador, Por Tua bondade, paciência e dedicação; Fizestes primeiro, todas as coisas, Só por último fizestes...