SEMENTES DO AMANHÃ

Da bela flor que todos queremos parecer,
Algo muito além podemos ser;
Digo que podemos ser bem mais que as mais belas flores,
dos mais lindos e férteis vales e do bosque,
Pois somos verdadeiramente as sementes de toda sorte,
de belos e suculentos frutos,
Ou mesmo dos frutos do veneno,
Que só trazem consigo o sobeijo da morte.
Somos verdadeiras sementes do amanhã,
Seremos passado, mas não teremos sido em vão,
Ficaremos pro fim dos tempos,
Se lutamos por ser fruta pão.
Se conservamos a justiça,
Seremos a memória dos tempos que virão,
Lembrados não pela semente em que fomos,
Mas sim, já pela frondosa sombra que toca o chão.
Se hoje somos flor,
Outrora fomos ainda um botão,
No futuro, frutos, sementes,
De toda a sorte,
Mas não precisamos ser fruto do veneno,
Conter em si, a morte.
Só precisamos ser alimento pro corpo e pra alma,
Sementes, pra repovoar cidades e sertão.
Sementes do amanhã,
De corpo, alma e coração.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ
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AS CURVAS DA VIDA

Muitas vezes, segui por caminhos sem volta,
Porém, cheios de curvas,
E, a cada curva, um rosto,
Cada rosto, um olhar,
Cada olhar, um gesto,
E, para cada gesto, um gosto a convidar-me.
Sei que muitos provei, perdi-me e me reencontrei.
Dentre poucos sorrisos,
Muitas vezes chorei.
Segui, uma vez mais, de tropeço caí,
Curvei uma vez mais, sem menção de parar,
Mas perdi-me em meio às tantas curvas que parei.
Uma vez mais estava eu aos pés de alguém,
Por quem perdi meu rumo,
Nas estradas do aquém,
Onde apenas eu percorri e mais ninguém.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ

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O AGRICULTOR E A "SELVA DE PEDRAS"

Ser agricultor,
também​ deveria ser importante...
Com suas mãos calejadas,
Seja por terra, enxada ou volante.
Ele lavra a terra...
Às vezes de argila, areias, abrolhos ou pedras,
planta, cultiva, colhe, embala,
embarca e despacha de um simples desjejum, até mesmo os alimentos mais indispensáveis às mesas, nas grandes "selvas de pedras".
Não tem hora pra começar;
Seu compromisso é a carga
Também não se sabe a hora de acabar.
Muitas vezes, atravessa o dia, ganha a noite...
Tudo que a "selva" precisa no amanhã,
Ele se antepõe,
Providência hoje.
Ainda assim, invisível permanece,
Às mãos dos poderes perece,
Seu único socorro,
Sua fé, sua prece.
Pois de todo o seu trabalho,
Quase ninguém reconhece.
Grande agricultor...
Mal sabe a força que têm;
Se um um dia, todos param,
Ele morre pela inércia,
E na "selva de pedras",
De fome, todos morrem também,
Pois pedras não servem de alimento à ninguém!
♦
José Gomes
♦

São Francisco de Itabapoana RJ
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OS POMARES DA VIDA

Nos pomares da vida,
Queria eu ser planta perene,
Mas as fortes torrentes Fazem-me caduca ficar;
Maltratando-me, derriçando minhas folhas,
Podando-me os galhos,
Até me impedir de frutificar. Abandonada ao léu,
Árvore sem sementes,
Caduca igual gente,
Em risco de ser lembrada apenas ao clicar das lentes.
Não mais há olhar que a mim veja,
A beira da extinção,
Tudo porque em mim,
corre seiva e não sangue,
Sou pura celulose,
sem traços sequer de ter coração.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

SHARKS

O que ainda nos falta acontecer? 

Quem é o inimigo, quem é você?/ 

Quem é o atual bandido? 

Qual o próximo que ainda há de ser?/ 

Acho que a culpa é toda da liberdade de expressão!/ 

Antes, tudo acontecia, só não se falava, 

Para tanto, tinha-se que perder o amor a vida. 

Hoje, fala-se de tudo e todos/  

Até sob forma de canção 🎵/ 

Será sempre assim, Sem que jamais possa-se parar.../ 

Sempre como os indivíduos de uma colmeia 

Em seu vai e vem/ Ricos saem milionários; 

Saem ricos os que antes eram zé-ninguém./ 

Impunes, seguirão felizes,/ E o povo tal qual meretrizes,/ 

A gastar de si, As unitárias migalhas, 

Que juntas, serão milhões/ 

A saciar a fome dos grandes tubarões./ 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

EM POESIA NÃO SE PISA

 Não se pisa em poesia, 

Nem com os pés descalços; 

Quem hoje pisa, 

 Dias depois agoniza, 

Tropeça e cai, 

À frente não vai, 

Barrado em seus próprios percalços! 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

RASCUNHO DE MIM

 Reinvento-me​ à cada dia, 

À todo momento há em mim, um novo ser, 

Sou forjado das grandes batalhas... 

Da vida, do amor, da dor, da alegria de vencer! 

Hoje sou livro de belas páginas, 

Capa bem ilustrada, 

Sem conteúdo alusivo, 

Sou hoje, a luz capaz de iluminar a sua estrada. 

De palavras claras, 

Formatação de próprio punho, 

Sou a verdade nua e crua, 

Sou muito mais do que aquele velho rascunho. 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

O POETA ASSASSINO

Se te metes a por pedras em caminho de poeta, 

Sugiro que fuja, 

Antes que ele as faça degraus 

E de nível suba. 

Antes que ele construa com as mesmas, 

Um lindo castelo, 

E a fundo, um grande garimpo, 

E te ponha à quebra-las, 

Ao toque de martelo. 

Refugie-se, antes que te coloque num lindo livro, 

Conte toda a sua história, 

Por fim, te mate sem glória, 

Sem rastro e sem sinal, 

Em um simples girar da caneta, 

Esculpindo um lindo ponto final. 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

A TEMPESTADE E O SOL

 As folhas do caminho, o vento varreu... 

enxugou até às lágrimas do rosto. 

A tempestade empurrou o lamaçal pros cantos, 

dispersou os espinhos de outrora e logo retirou do céu, o manto. 

Veio o sol e arrastou o frio da pós tempestade e seu brilho, ofuscou os olhos da maldade. 

no segundo dia, brotou rosas, 

em seguida, vieram as gramíneas germinar, 

frutos logo um pouco depois.

Logo terias um lindo jardim, 

ao fundo, um pomar. 

Tudo belo, simples e singelo, 

uma pintura em tela, 

jardim com rosas amarela, 

pomar de doces frutos, 

campos cobertos pela relva, 

onde antes fora também selva, lenhada por brutus. 

Que hoje venha vento brando, 

e a chuva caia de mansinho, 

só pra regar, fazer crescer e florir o seu jardim, 

frutificar o pomar, 

fortalecer um novo amor, 

que breve chegará.

José Gomes

                                                              São Francisco de Itabapoana /RJ

FLOR AINDA EM BOTÃO

Óh menina, a flor que para ti tenho, 

É ainda um pequenino botão! 

Não lhe darei hoje, nem no amanhã, 

Dar-te-a-rei só depois que tu tenhas amadurecido o seu coração! 

Não mais desperdiço o meu tempo, 

Pois jardineiro experiente agora sou; 

Há tempos que lindas flores eu cultivo, 

Sem que jamais conhecesse do verdadeiro amor. 

Para menina imatura, Não se dá flores em botão; 

Dá-lhe já as flores, 

Mas tão somente quando maduro estiver o seu coração.

Gomes

ESCRAVO DAS SUAS VONTADES

Armada de uma taça de vinho, 

Fez-me refém aprisionado em sua vida. 

Deu-me do restante da garrafa, 

Enquanto com o de sua taça, 

Bania-me do peito, a ferida. 

Por outra ocasião mostrou-se dona, 

Ofertou-me de tua taça apenas pela metade, 

Ocultando-me​ a garrafa, 

Deixando-me na vontade. 

Agora sois dona dos meus desejos, 

Somente contigo gasto os meus beijos, 

Prisioneiro eu? 

Jamais! 

Sou apenas um escravo das suas vontades, 

Pois descobri que satisfazer aos seus anseios é tudo o que me satisfaz. 

José Gomes 

São Francisco de Itabapoana RJ