ANGÚSTIA

Há inércia em tantos olhares que se cruzam e não se vêem,
Em tantos corpos que se esbarram e não se tocam,
Há desejo entre tantas bocas que se falam e não se beijam;
Ah! Há mais verdade nós olhos do cegos,
Do que nas palavras proferidas das bocas que em outrora se desejam,
Ora vejam!
Quem saberá o tempero da angústia do desejo?
Qual não será o sabor daquele beijo?
Como sobreviver a ansiedade?
Sair do foco, viver de verdade?
Como sentir o ar, a brisa que toca o rosto?
Como esquecer da vida, o vivido, cada gosto?
Como retirar dos ombros, o paletó da angústia que à todo custo busca ser a minha pele?
Oh, maldita, dita cuja!
Que antes de novamente adormeceres em meus braços,
Tu te apavores e fuja!
Só para que eu já vá me acostumando à não te ter todos os dias,
Porque quando tu não vieres,
Sei que em mais nada, eu sentirei prazer,
Nem num só segundo eu terei alegrias.
Por quanto, me consome a angústia só de esperar por ti, à hora certa,
Deveras eu desistir de te ter, só por medo de um dia te perder?
Ou deveras eu insistir em te querer,
Angustiado, esperando o anoitecer?
Mas antes que eu te perca,
Ou me consuma a angústia,
Perder-me-ei novamente em teus braços,
Atados ao meu corpo feito um apertado laço,
Pra tatuar em mim, o seu abraço,
Pois se um dia eu te perder,
Só aceitarei outro alguém que cubra em mim,
Exatamente o seu espaço!
♦
José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ

SERTÃO FELIZ

Sertão rosa, das rosas do jardim que te fiz,
Sertão azul, do findar das tardes em que te espero;
Aguardando ansioso a sua chegada,
Ai, como eu te quero!
Sertão feliz, ao acordar das noites em que me fazes companhia;
Desperta-me com um sorriso,
Aguarda-me no final da tarde, à perguntar como foi o meu dia.
Segue feliz despelando o seu sorriso,
Quando sussurro em seu ouvido:
Tudo foi bem!
Mas, nada é melhor que está aqui contigo!
♦
José Gomes
SFI/RJ
♦

BEM MAIS QUE NOTAS NO ESPELHO

Eu preciso de bem mais que notas no espelho,
Quero o meu corpo colado ao seu;
Unha na carne,
Marcando o corpo meu.
Talvez para que melhor tu possas me encontrar;
Quero carregar comigo, as tuas marcas,
Pois só o perfume,
O tempo poderá apagar.
As marcas farão-te saber...
Porque tu foges todas as manhãs,
A fera que vérte em ti,
Quatro paredes são incapazes de prender.
Por mais que te busque em cada amanhecer,
Só te tenho às noites,
Quando tu ousas de súbto aparecer.
Desaparecendo outra vez na madrugada;
Deixando apenas uma nota no espelho,
E desta vez, as marcas de tuas unhas, em minha pele tatuada.
♦
José Gomes
SFI/RJ

A POESIA DOS TEUS OLHOS

O brilho dos teus olhos é pura poesia,
Que invadindo em meio ao breu do meu dia-a-dia;
Depositou em minha vida,
Os mais belos momentos de alegria.
♦
Num gesto de agradecimento pela vida,
Neles, há sorrisos, apesar de toda a dor;
Existe neles, a esperança do júbilo nos dias vindouros,
 Eles refletem a paz e o amor.
♦
Depositados num rosto angelical,
Como se fosse uma pintura;
Retrato da felicidade que o mal não pode alcançar,
pois bem igual, não está à sua altura.
♦
Olhos festivos, não do que vivera,
Mas sim da esperança de uma vida longe da clausura;
Olhar de quem sabe que nunca buscou pelo recebido,
Ao contrário, sempre arrastou consigo o silêncio que lhe preservara ainda a vida, mesmo que repleta de amargura.
♦
Só para te permitir que hoje tu possas fazer reluzir este olhar...
Olhar de poesia, donde jamais poderão imaginar que um dia fôra tão triste;
Olhar que tudo fala, ao coração de quem bem sabe que do amor que tu procuras,
Muito pouco ainda existe.
♦
José Gomes
SFI/RJ

O PODER

Esse tal poder...
Esse objeto de desejo de tantos,
Esse que por vezes desperta delírios de muitos,
Outrora fôra o algoz de muitos prantos.
Esse tal que me assusta,
Que me tira o sono nas noites e causa-me tristeza.
Objeto do meu repúdio,
Despedaça o mundo e esmaga a natureza.
Na verdade, o poder é faca que sem uma mão não fere,
Não é o poder que temo,
Mas sim a criatura que dele se gere.
Não há fraco que resista ao poder em suas mãos,
Até mesmo aos mais fortes é difícil ter em suas mãos o poder,
E ainda lembrar-se de que todos viemos do mesmo barro,
Que somos todos irmãos.
Nesta batalha em que tenho medo da minha própria fraqueza,
Quero ser sempre um soldado que luta mesmo sem uma arma na mão;
Quero ser mais um, no meio de muitos,
Pois jamais quererei findar minha batalha sendo um solitário capitão.
♦
José Gomes
SFI/ RJ

O MAR

Todos aqueles que te conhecem, óh mar,
Sabem de suas idas e voltas,
Sabem que onde suas ondas alcançarem hoje,
Amanhã poderão nem perto passar.
Mas, se revolto estiver,
Melhor deixar o tempo passar,
O que ele escavar na fúria,
Outrora, ondas mansas virão aplainar.
Se imprudente for,
Ao mar avança sem esperar,
Porém, se sábio,
Espera que o mar se acalme,
Para que de suas mansas águas,
Possa desfrutar.
♦
Jp
SFI

PERGUNTE PARA O MEU CORAÇÃO

Intriga-te,
Perguntando à todos, sem ter sequer uma resposta,
Por minha tamanha inspiração;
Venha cá!
Pergunta tu mesma direto ao meu coração.
♦
achegue-se, pode perguntar!
Peça o que tu queres saber,
Antes porém eu te aviso:
Ele bate forte mas nao fala direito;
Para ouvi-lo, terás que por teu ouvido bem aqui em meu peito.
♦
Aproxime-se devagarinho,
Porém nem pense em encostar;
Pois quando de mim estais perto ele aquece,
Tamanho rubor poderá te queimar.
♦
Ouça o que te dizes e se vá!
Mesmo seja por nunca mais voltar;
Ainda que nem queira para trás olhar,
Apenas saiba que tu fostes mas deixastes para trás o meu peito a incendiar.
♦
Agora que tu sabes donde vem a minha inspiração,
Pode ser que nem mais queira ler tamanha besteiragem;
Tanto perguntastes por só agora saber,
Nunca fui tão astucioso, sempre me inspirei em bobagem,
Nunca busquei alguém além de você.
♦
José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ
♦

A TI, PEÇO PERDÃO

Perdão!
A ti, peço perdão;
Perdão por invadir assim os teus sonhos e roubar-te um beijo,
Idéia absurda, deste meu pobre coração.
♦
Perdoa-me!
Não me condenes por teu beijo roubar;
Liberta-me desta clausura,
Pois aquí, preso, o meu coração é quem deveria estar.
♦
Na verdade, roubo em sonhos é coisa da alma,
Por isso peço-te que venham me escutar;
Liberta meu corpo e então apreenda a minh'alma,
Caso a possa aprisionar.
♦
José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ
♦

VOCÊ É MÚSICA AOS MEUS OUVIDOS

Você é colírio aos meus olhos,
É o sol que bronzeia a minha pele,
O ar que respiro...
O luar que ilumina as minhas noites,
Razão maior ao meu suspiro.
♦
Só você sabe trazer-me de volta à ser menino,
Faz-me sentir grande,
Quando antes era tão pequenino.
♦
Antes de ti, pensava ser feliz,
Após, encontrei a sintonia que se há melhor, eu duvido;
Você tem o ritmo que me envolve,
É música aos meus ouvidos.
♦
José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ

COMO SANGRA ESSE MEU CORAÇÃO!

Confundido entre o som dos teus passos na hora da partida,

E do meu próprio coração, a batida,

Te vi seguir, sem direito à despedida.

♦

Tu partistes se sequer me dizer adeus;

Contigo levou os meus sentimentos,

Por saber que de ninguém mais seriam senão seus.

♦

Já não sei se me queres ou se me deixas,

Partistes deixando tudo que à ti pertenceu,

Levando apenas uma bagagem de mão;

Um baú, que de tão pequenino,

Coube apenas o meu coração.

♦

Se me queres, que venha tu à mim,

Se me deixas, buscarei apenas contigo,

O baú, onde levas o meu coração,

Se te vás, não esconda o tesouro que tu levas,

Mostre pro mundo, o que tu levas na mão;

Deixe-os ver, como sangra com a tua partida, o meu coração.

♦

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

♦

QUANDO UMA POÇA PODE MAIS QUE DOIS OCEANOS

Se houveram mares em minha jornada?

Te digo que sim!

Na verdade, dois oceanos!

Se eu os atravessei?

Creias que sim!

Atravessei dois oceanos,

Pra vim padecer um mar de desenganos.

Dois oceanos, por anos,

Atravessei por ti;

Que na hora H,

Não tivestes a coragem de saltar sequer uma poça de lama para chegares até mim.

Quase que perco o fiu da meada,

Ludibriado por uma raposa que se dizia ser dama;

Atravessei dois oceanos por muitos anos,

Pra vim te perder para uma poça de lama.

♦

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

♦

O QUE SERIA DE MIM SEM VOCÊ?

Sei que nasci um anjo

e que no decorrer dos tempos;

Muito mudei...

Meus sentimentos, gestos e atos,

Mudei como as nuvens que se vão com os ventos.

♦

Não posso negar que por vezes pensei ter a felicidade encontrado;

Mas, o tempo, meu fiel amigo,

Uma vez mais mostrou-me que estava errado.

♦

Por fim, por onde andei,

Até asas eu ganhei;

Só que fui tentar, errei.

♦

Jamais saberia eu,

Sem te encontrar;

Porque Deus me fez anjo,

O mundo me de asas,

Mas, só você me ensinou a voar.

♦

Que bom que tu viestes,

Deixastes o teu mundo,

Para vires ver como sou;

Bom que ficastes e nunca mais voltou,

Obrigado por aceitares que me sejas o meu último amor.

♦

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

GUERRA NA CAMA

Quero paz em meus dias,

pois nas noites, tormenta em vez de alegrias.

minha cama quase desaba,

guerra de travesseiros...

amor,  guerra ou folia?

luz acesa,  jamais!

de luz,  tenho fobia!

gosto mesmo é da folia!

a cama geme,  nós rangemos!

a cama cai,  nós ainda nem estremecemos.

raia o dia,  sobe o sol,

ao lado da cama quebrada,

no chão adormecemos.

passa o dia,  a paz não veio,

a noite chega,  também a nova cama,

voltamos a guerra fria,

lutar com quem se ama.

terminar o que começamos,

não se pode parar o que ainda não se chegou ao meio.

ao fim de tudo,  será mais um quarto quebrado,

numa guerra sem fim,

nos fitamos e permanecemos de olhos teso.

não se acaba uma guerra enquanto houver um pavio aceso.

Gomes

LITERATURA

A literatura é um extenso jardim,

Nossos poetas,

Jardineiros são!

São semeadores das melhores sementes que lhes provém,

Cada qual à cultivar da sua preferida essência,

Às que só brotam no jardim do coração.

♦

Eu prefiro às rosas,

Não me importa se vermelha seja;

Se amarelas, brancas...púrpuras,

Serão sempre as minhas preferidas,

Como a tua boca que me beija.

♦

Há quem cultiva cravos,

Orquídeas, que também às tenho;

Outros semeam lindas folhagens,

Porém, sem perfume nem flor,

São eles todos meus irmãos,

Vieram do mesmo barro donde venho.

♦

Há trepadeiras pela qual tenho cá o meu respeito,

Sobem sem parasitar;

Mesmo em meio aos espinhos da roseira, produzem suas belas flores,

Mostrando que é na dificuldade que se aprende a verdadeiramente amar.

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

MEUS SEGREDOS

Meus segredos contados à dedo,

Todos não passam de cinco...

* Todas a noites, ao dormir eu liberto minha alma,

Que vai, vivendo aventuras,

E em sonhos tudo me conta com toda a calma.

Tudo eu anoto,

tenho até um caderninho,

Coloco tudo em versos,

Depois conto até pro vizinho.

* Tenho medo do escuro,

Se falta luz eu não durmo,

Foi por isso que pulei a janela da  namorada,

Quando o pai a luz apagou,

Saí correndo sem rumo.

* Conquisto contando anedota,

Apenas sei contar piada,

Só namoro se for moça de família,

Tenho olhos vendados pra mulher casada.

* Sou cabra honesto e fiel,

Cheguei aos cinquenta casando uma só vez;

Mas se com as outras ex eu tivesse casado,

No cartório o juizado,

Me chamaria de freguês.

* Todos os dias eu trabalho

sem hora marcada;

Saio de manhã,

Volto toda madrugada.

* vícios não tenho,

Não bebo, não fumo;

Mas pareço um cão sem dono,

Onde eu como eu durmo.

Já contei seis quando disse que eram só cinco...

Faltou apenas a última,

* As vezes eu minto!

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

O LAMENTO

A velocidade, o vento...

A perda do equilíbrio,

O lamento.

A velocidade que transporta o corpo,

Leva a vida que voa com o vento.

Restando apenas o lamento.

Assim somos...

Assim vivemos e vamos,

Na velocidade do vento,

Pros que ficam,

Resta o meu lamento,

Pois fui, nas asas do vento!

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

RASTROS DE DOR

De vez em quando, as máscaras caem,

E eis que surgem as criaturas,

Muito distante da imagem do seu Criador.

Surgem das sombras,

E deixam após sua sombras,

Apenas grandes rastros de dor.

♦

José Gomes.

NAS NÚVENS...CONTIGO

Faz-me levitar ao som da tua voz,

E na imensidão das possibilidades, querida;

Eu só queria a certeza de está contigo,

Por toda a minha vida.

♦

Eu, que de tão simples que sou,

Falta-me a coragem de voar aos céus de norte ao sul;

Ao mesmo tempo, só desejo está contigo,

A flutuar neste imenso deserto azul.

♦

A realidade por vezes me toma,

Daquí, vejo o quanto tudo é tão pequenino,

Quando estou contigo, a flutuar nos ares,

Faz-me sentir de novo um menino.

♦

Você quiz acreditar em mim,

Quando já nem mesmo eu acreditava que poderia;

Mostrou-me que sou ainda capaz,

Que ainda posso conduzir uma dama em sua honraria.

♦

Mostrou-me que tudo pode ser capaz um coração que ama...

Você faz-me flutuar,

Faz-me voar;

Sentir-me mais leve que o ar,

E devolveu-me a ciência do saber amar.

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

TALVEZ

Talvez eu saiba que tu finges não saber...

Do meu amor, meu sofrer,

Tu finges não saber que tu és o meu bem querer,

E que nas minhas noites mal dormidas,

Eu sonho sempre é com você!

Talvez eu saiba,

Saiba tanto, de tantas coisas que tu jamais poderias saber,

Aposto que tu não sabes que os meus olhos,

De nada me valeriam se não avistassem você,

E, que se não fosse tu, o combustível,

O meu coração jamais teria forças para bater.

O motivo do meu melhor sorriso,

 O meu desejo de paraíso,

Você é para mim, como o sol,

Que tanto preciso!

De tudo isso sei,

Mas, se tu finges tão bem,

Não se importa com ninguém,

Não te peço amor,

Também não te chamo meu bem,

Mesmo que talvez eu não consiga ser de mais ninguém!

A VIDA NO ÂNGULO CERTO

Tudo nesta vida tem um ângulo certo,

Mais apropriado, próximo da perfeição;

Esteja minimizado,

Ou em sua maximização.

♦

Até mesmo o o sol, 

nosso astro rei, quem diria!

Rende-se, enclausurado aos galhos da árvore que o mesmo à escaldava,

Sob o pino do meio dia.

♦

José Gomes

♦

SFI/RJ

A SEMENTE

Eu sou aquela semente...

Que sobra escondida debaixo da palha no celeiro,

A que se esconde debaixo da areia, no fundo do galinheiro.

♦

Eu sou a semente que perdeu-se por entre os abrolhos sem chance de germinar,

Sou a aquela que de tão pequenina,

Lançam-me aos punhados, com preguiça de me contar.

♦

Eu sou a semente do pinho,

Que por pouco escapou do fogo do lenheiro,

A semente que cai do bico do pássaro trigueiro.

♦

Basta-me ser semente...

Pois hoje, a matriz arde, cai,

No fogo se esvai,

Vira a fumaça que sai,

Uma cortina, nuvem,

É com o vento se vai.

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

♦

SÓ PARA NAO LHE FALAR DE FLORES

Só para que não me digas que só me encanto com as flores,

Hoje resolvi te provocar ciúmes,

Só vou te falar dos meus ex-amores.

♦

Bem sei que tu nem de longe adivinhas,

Qual o meu perfume predileto,

Também não te digo, pois se não falo de flores,

O perfume também é secreto.

♦

Por aquí vou parando,

Já vi que te aborreço,

Mas se não falo das flores, me calo,

Pois até a flor que você não deu o devido valor,

Para mim não tem preço.

♦

Me despeço com o beijo que por hoje,

De mim não terá,

Se quiser se contente com um beijo lânguido, demente,

Que só a gente sente,

Quando troca no olhar.

♦

A culpa foi sua,

Não me deixar das flores falar,

Pois bem sabes que se uma flor tu fostes,

Rosa seria, e seu espinho, armadilha, só pro meu coração cutucar.

♦

Rosa sim, tu serias,

Pois é de ti, que exala o meu preferido perfume,

Volta pra mim, que te espero,

Sem ti, sou vaga-qualquer coisa,

Se nao tenho o teu lume.

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

PERSPECTIVA

Quero chegar ao esconderijo dos seus pensamentos,

Ser a chuva que rega e que te faz brotar sórdidos desejos;

Quero que tu sintas em mim,

O maior merecedor dos teus beijos.

♦

Quero despertar-te a demência da inércia de outrora;

Que tu saibas que não haverá o amanhã,

Se tu não o começares agora.

♦

Quero suprir os desejos que tu não o conhecia,

Colocar em seu vocabulário,

Tão novas palavras, que às terá que soletrar;

Superar a sua perspectiva,

Ao ofertar-te o que nem de longe,

Ousou pedir o teu paladar.

♦

Quero fazer-te conhecer o frio,

Antes de mostrar-te o meu calor;

Que sacies os teus sonhos utópicos,

Para que só então,

Descubra o que é o verdadeiro amor.

♦

O remédio à todas as feridas,

O arco-íris, completo de cor;

O luar dos amantes

A magia capaz de sanar todas as espécies de dor.

♦

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

SETEMBRO

Setembro... Sol... Primavera...

A flor mais bela,

Eis que de assalto surge ela;

A rosa mais linda,

Em verdade, não era rosa e sim vermelha,

Mas bem que poderia ser amarela.

♦

Setembro da educação,

Do biólogo e da Amazônia;

Mês da independência,

Ainda hoje, de tanto tentar,

Vive em insônia...

♦

Setembro da alfabetização,

Da árvore, da primavera;

Do trânsito, do turismo,

Do grande vilão, o petróleo,

Viver sem ele, quimeras.

♦

Setembro de paz e alegria,

Não é fevereiro, mas pode ser de folia,

Se semeamos com fé,

As sementes da humildade e harmonia.

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

QUANDO SE ACABA O AMOR

Quando se acaba o amor,
Mesmo sem feridas, o que há, é a dor;
Em toda pequena medida,
Só se mede o cúmulo do horror.
♦
Quando o amor se vai,
Deixando de habitar um coração;
Torna-se hino de guerra,
O que antes fôra de amor,
a mais linda canção.
♦
Até mesmo as rosas, são ignoradas,
Quando já não há mais amor;
E quando tu sentes dela, o perfume,
Só te lembras dos espinhos,
que te ferem e causam tanta dor.
♦
Tudo isso, porque em teu coração,
O amor se findou como o sol que vai ao poente;
Deixando em ti, somente um fantasma com seu tinir de corrente,
Vejam só, a falta que faz o amor na vida da gente.
♦

José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ

DO NASCER AO POR DO SOL

O universo conspira à nosso favor...
Fomos feitos criaturas,
Hoje somos filhos do nosso Criador;
Quem O teme, sabe que Ele está triste conosco,
Inda assim, não se nega à nos ofertar o sol e todas as dádivas à nosso favor.
♦
Do nascer ao por do sol...
Quem pensa, ainda se engana;
Mesmo nas noites, os teus olhos atentos, nós livra dos tormentos,
E somos cobertos das bênçãos que somente de Ti, emana.
♦
Somos filhos queridos,
Porém desunidos;
Olhando somente aos próprios umbigos,
Sem temer dá vida, os tantos perigos.
♦
Ainda há quem julgue por sorte,
Ter quem o livre até da morte;
Pobre de alma, se na tormenta não é a sorte quem te acalma,
Mal sabe que no coração do Pai,
são eles, a maior ferida...
A morte pelo corte.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ

QUEM SE DÁ O RESPEITO, NÃO TEM PREÇO

Queria ser aquele vento,
Que te afaga os cabelos,
Que te sobe a saia
E que te deixa sem geito;
Queria ser aquele vento,
Que te sopra aos ouvidos,
Que faz sentir calafrios,
Te desconcerta da vida,
E faz-te apoiar-se em meu peito.

Quem sabe se eu pudesse ser aquela chuva fina,
Que te faz correr pra calçada;
Pedir abrigo debaixo do meu guarda chuva,
Quem sabe se o frio te faz buscar-me por abrigo no meio da madrugada.

Quem sabe se me visses como teu homem,
Pudera eu dar-te o meu sobrenome,
Quem dera-me...
Ser o Seu afeto;
O amigo dileto,
Pra não te ser só objeto.

Mas, se pra te alcançar,
Me faço de natureza,
Se não te faço ver a minha beleza,
Nem sei te mostrar o que guardo no peito meu;
Não é teu o defeito,
Quem rotula o meu preço sou eu.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

RESQUÍCIOS

Das cinzas, havia ainda fumaça,
Porque as correntezas da vida,
Não só ofereceram águas para sufocar o fogo que havia em teu ser,
Mas também houveram ventos,
Que sopraram até às brasas novamente encandecer.
É o amor, que ressurge,
Brota feito erva daninha,
Floresce nas cinzas e,
Te faz desejar ser uma vez mais,
Só minha.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

INSÍPIDO

Insípido, me parece o mundo;
Após o meu despertar deste sono profundo...

Depois de viver por entre os jardins da vida;
...de me deliciar com vastos perfumes,
E de muitos espinhos ter
Cicatriz e ferida.

Adormeci, e em sono profundo;
Desprendi-me​ da vida, contigo sonhei,
Tão distante do meu mundo.

Minha flor tão querida,
Rosa linda, talvez por cactus confundida;
Vivida na aridez,
Por tal forjou-se tão aguerrida.

Tendo seu perfume, penetrado em meu ser;
Hoje transpira por meus póros,
Fazendo-me imune aos demais perfumes,
Deixando o mundo insípido me parecer.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ

À MÃE NATUREZA

A natureza faz de mim um aprendiz de poeta...
Quando chove, as gotas que tocam meu corpo,
Penetram-me à alma como à um lençol;
E meu sorriso se expande feito o arco-íris que se forma ao reflexo do sol.

Depois da chuva, então é chegado o tempo do astro rei,
Sinto brotar de meus póros, a inspiração;
Como das plantas também brotam o verde que cobre a vastidão.

À noite, sou como morcego,
Saio da toca, pratica o desapego;
Colho pros bosques, as sementes,
Que irão te cobrir o desassossego.

Ao raiar do novo dia,
Saio de volta à lida como num dia normal;
As vezes esqueço-me que também sou criatura impotente,
Que vivo imponente,
Cativado neste mundo animal.

AS FLORES FALAM POR MIM

Das sementes que semeamos
Em nosso antigo jardim;
Muitas germinaram e ainda hoje,
Mesmo sem a sua presença,
Ainda insistem em florir.

Os cravos murcharam,
Às hortências, foram as primeiras à morrer;
Restando ainda às rosas,
Talvez pro meu martírio...
Logo elas, que mais me lembram você.

Ao fundo, dois lírios
Parecem saber de nada não;
Que estamos entregues à mercê da natureza,
E que o nosso resquício de vida,
Depende exclusivamente do seu perdão.

Por isso te peço,
Não o perdão,
pois ele não mereço;
Te peço apenas o regar das rosas,
Pois o meu fim lhe deve este preço.

Venha depressa!
Se tens ao menos pena do nosso jardim;
Regue nossas plantas...
E quando belas,
Deixe que as flores te falem por mim.

José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ

ATROZ

Que fiz eu em minha vida,
Para receber de ti,
Decisão tão atroz?
Fezeste do meu amor,
Tao grande oceano,
E de mim,  tão simples albatroz

LENHA DO MATO

Por hoje, não te posso ser muito...
Quero-te ser a lenha do mato,
Quero habitar a sua lareira,
No canto do quarto,
Consumo-me à te aquecer...
Do que me valeria outro eu ser?
Se só tu, tens o fogo
Que faz-me encandecer.

SUJEITO BESTA...

Sujeito besta, esse glutão!
Tira onda de bacana,
Sem ter sequer um prato de feijão.
Conta sempre a sua história,
Do jeito mais sacana,
Escondendo a sua memória...
Apanha em toda briga,
Mas só canta de vitória.
Com alegria, fala de amores,
No canto escuro do quarto,
Dos seus cotovelos, chora às dores.
Sujeito besta esse glutão!
Diz que é poeta,
Mas só rima com um litro na mão.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

MENINA BONECA

Menina boneca,
Com seu jeito moleca,
Não esconde a sua cara de sapeca,
Brinca com o coração do mané,
Faz dele o que bem quer,
Já saiu dessa,
Agora é a vez do zé.
Para trás, já tantos ficaram,
Que juntos somaram,
Todos à um Zé-Mané.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ
 

O AMOR É... FRUTO E FLOR

O AMOR É...
FRUTO & FLOR
♦
Se uma flor fosse,
A mais linda das rosas, seria o amor;
Se fosse um pássaro,
Dê certo que seria um condor.
♦
Se uma planta fosse,
Parreira seria;
Seria uva, se fosse fruto,
Se astro, seria o sol do meu dia.
♦
Um som, a cantiga dos pássaros,
Das noites o luar;
E eu, simples jardineiro,
À distribuir as flores e frutos,
Só para ver o mundo se amar.
♦
José Gomes
♦

São Francisco de Itabapoana RJ

RENOVAÇÃO

Mesmo quando a mais bela das flores murcha, 

mostrando que sua beleza se finda,

É que os sábios entendem que é chegada a hora da renovação;

Quando as sementes estão se preparando para o amadurecimento e posterior germinação!

♦

José Gomes

♦

São Francisco de Itabapoana RJ

AMADURECER

                       AMADURECER       

Amadureci cedo demais...

Caí em declínio, sem chance de voltar à trás.

Tornei-me velho em espírito, vivido em tempos que não voltarão jamais.

Não sei se fui realmente feliz,

Mas temo que tempos iguais,

Eu não viverei nunca mais.

Creio que era feliz sem saber,

Amava sem medo de sofrer,

Sorria sempre...

Tanto faz se a luz era neon,

Luar ou dia!

Tudo o que a mim rodeava,

Era de paz e só me aprazia.

Era eu sim, feliz e não sabia!

Pena que cedo demais eu amadureci,

Queria poder voltar ao tempo onde criança inda brincava inocente,

Pois hoje, maduro, 

Tenho medo até de gente.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

SEMENTES DO AMANHÃ

Da bela flor que todos queremos parecer,
Algo muito além podemos ser;
Digo que podemos ser bem mais que as mais belas flores,
dos mais lindos e férteis vales e do bosque,
Pois somos verdadeiramente as sementes de toda sorte,
de belos e suculentos frutos,
Ou mesmo dos frutos do veneno,
Que só trazem consigo o sobeijo da morte.
Somos verdadeiras sementes do amanhã,
Seremos passado, mas não teremos sido em vão,
Ficaremos pro fim dos tempos,
Se lutamos por ser fruta pão.
Se conservamos a justiça,
Seremos a memória dos tempos que virão,
Lembrados não pela semente em que fomos,
Mas sim, já pela frondosa sombra que toca o chão.
Se hoje somos flor,
Outrora fomos ainda um botão,
No futuro, frutos, sementes,
De toda a sorte,
Mas não precisamos ser fruto do veneno,
Conter em si, a morte.
Só precisamos ser alimento pro corpo e pra alma,
Sementes, pra repovoar cidades e sertão.
Sementes do amanhã,
De corpo, alma e coração.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ
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AS CURVAS DA VIDA

Muitas vezes, segui por caminhos sem volta,
Porém, cheios de curvas,
E, a cada curva, um rosto,
Cada rosto, um olhar,
Cada olhar, um gesto,
E, para cada gesto, um gosto a convidar-me.
Sei que muitos provei, perdi-me e me reencontrei.
Dentre poucos sorrisos,
Muitas vezes chorei.
Segui, uma vez mais, de tropeço caí,
Curvei uma vez mais, sem menção de parar,
Mas perdi-me em meio às tantas curvas que parei.
Uma vez mais estava eu aos pés de alguém,
Por quem perdi meu rumo,
Nas estradas do aquém,
Onde apenas eu percorri e mais ninguém.
♦
José Gomes
♦
São Francisco de Itabapoana RJ

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O AGRICULTOR E A "SELVA DE PEDRAS"

Ser agricultor,
também​ deveria ser importante...
Com suas mãos calejadas,
Seja por terra, enxada ou volante.
Ele lavra a terra...
Às vezes de argila, areias, abrolhos ou pedras,
planta, cultiva, colhe, embala,
embarca e despacha de um simples desjejum, até mesmo os alimentos mais indispensáveis às mesas, nas grandes "selvas de pedras".
Não tem hora pra começar;
Seu compromisso é a carga
Também não se sabe a hora de acabar.
Muitas vezes, atravessa o dia, ganha a noite...
Tudo que a "selva" precisa no amanhã,
Ele se antepõe,
Providência hoje.
Ainda assim, invisível permanece,
Às mãos dos poderes perece,
Seu único socorro,
Sua fé, sua prece.
Pois de todo o seu trabalho,
Quase ninguém reconhece.
Grande agricultor...
Mal sabe a força que têm;
Se um um dia, todos param,
Ele morre pela inércia,
E na "selva de pedras",
De fome, todos morrem também,
Pois pedras não servem de alimento à ninguém!
♦
José Gomes
♦

São Francisco de Itabapoana RJ
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OS POMARES DA VIDA

Nos pomares da vida,
Queria eu ser planta perene,
Mas as fortes torrentes Fazem-me caduca ficar;
Maltratando-me, derriçando minhas folhas,
Podando-me os galhos,
Até me impedir de frutificar. Abandonada ao léu,
Árvore sem sementes,
Caduca igual gente,
Em risco de ser lembrada apenas ao clicar das lentes.
Não mais há olhar que a mim veja,
A beira da extinção,
Tudo porque em mim,
corre seiva e não sangue,
Sou pura celulose,
sem traços sequer de ter coração.

José Gomes

São Francisco de Itabapoana RJ

SHARKS

O que ainda nos falta acontecer? 

Quem é o inimigo, quem é você?/ 

Quem é o atual bandido? 

Qual o próximo que ainda há de ser?/ 

Acho que a culpa é toda da liberdade de expressão!/ 

Antes, tudo acontecia, só não se falava, 

Para tanto, tinha-se que perder o amor a vida. 

Hoje, fala-se de tudo e todos/  

Até sob forma de canção 🎵/ 

Será sempre assim, Sem que jamais possa-se parar.../ 

Sempre como os indivíduos de uma colmeia 

Em seu vai e vem/ Ricos saem milionários; 

Saem ricos os que antes eram zé-ninguém./ 

Impunes, seguirão felizes,/ E o povo tal qual meretrizes,/ 

A gastar de si, As unitárias migalhas, 

Que juntas, serão milhões/ 

A saciar a fome dos grandes tubarões./ 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

EM POESIA NÃO SE PISA

 Não se pisa em poesia, 

Nem com os pés descalços; 

Quem hoje pisa, 

 Dias depois agoniza, 

Tropeça e cai, 

À frente não vai, 

Barrado em seus próprios percalços! 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

RASCUNHO DE MIM

 Reinvento-me​ à cada dia, 

À todo momento há em mim, um novo ser, 

Sou forjado das grandes batalhas... 

Da vida, do amor, da dor, da alegria de vencer! 

Hoje sou livro de belas páginas, 

Capa bem ilustrada, 

Sem conteúdo alusivo, 

Sou hoje, a luz capaz de iluminar a sua estrada. 

De palavras claras, 

Formatação de próprio punho, 

Sou a verdade nua e crua, 

Sou muito mais do que aquele velho rascunho. 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

O POETA ASSASSINO

Se te metes a por pedras em caminho de poeta, 

Sugiro que fuja, 

Antes que ele as faça degraus 

E de nível suba. 

Antes que ele construa com as mesmas, 

Um lindo castelo, 

E a fundo, um grande garimpo, 

E te ponha à quebra-las, 

Ao toque de martelo. 

Refugie-se, antes que te coloque num lindo livro, 

Conte toda a sua história, 

Por fim, te mate sem glória, 

Sem rastro e sem sinal, 

Em um simples girar da caneta, 

Esculpindo um lindo ponto final. 

 José Gomes 

 São Francisco de Itabapoana RJ

A TEMPESTADE E O SOL

 As folhas do caminho, o vento varreu... 

enxugou até às lágrimas do rosto. 

A tempestade empurrou o lamaçal pros cantos, 

dispersou os espinhos de outrora e logo retirou do céu, o manto. 

Veio o sol e arrastou o frio da pós tempestade e seu brilho, ofuscou os olhos da maldade. 

no segundo dia, brotou rosas, 

em seguida, vieram as gramíneas germinar, 

frutos logo um pouco depois.

Logo terias um lindo jardim, 

ao fundo, um pomar. 

Tudo belo, simples e singelo, 

uma pintura em tela, 

jardim com rosas amarela, 

pomar de doces frutos, 

campos cobertos pela relva, 

onde antes fora também selva, lenhada por brutus. 

Que hoje venha vento brando, 

e a chuva caia de mansinho, 

só pra regar, fazer crescer e florir o seu jardim, 

frutificar o pomar, 

fortalecer um novo amor, 

que breve chegará.

José Gomes

                                                              São Francisco de Itabapoana /RJ

FLOR AINDA EM BOTÃO

Óh menina, a flor que para ti tenho, 

É ainda um pequenino botão! 

Não lhe darei hoje, nem no amanhã, 

Dar-te-a-rei só depois que tu tenhas amadurecido o seu coração! 

Não mais desperdiço o meu tempo, 

Pois jardineiro experiente agora sou; 

Há tempos que lindas flores eu cultivo, 

Sem que jamais conhecesse do verdadeiro amor. 

Para menina imatura, Não se dá flores em botão; 

Dá-lhe já as flores, 

Mas tão somente quando maduro estiver o seu coração.

Gomes

ESCRAVO DAS SUAS VONTADES

Armada de uma taça de vinho, 

Fez-me refém aprisionado em sua vida. 

Deu-me do restante da garrafa, 

Enquanto com o de sua taça, 

Bania-me do peito, a ferida. 

Por outra ocasião mostrou-se dona, 

Ofertou-me de tua taça apenas pela metade, 

Ocultando-me​ a garrafa, 

Deixando-me na vontade. 

Agora sois dona dos meus desejos, 

Somente contigo gasto os meus beijos, 

Prisioneiro eu? 

Jamais! 

Sou apenas um escravo das suas vontades, 

Pois descobri que satisfazer aos seus anseios é tudo o que me satisfaz. 

José Gomes 

São Francisco de Itabapoana RJ

ESPERAR

Esperar pelo primeiro amor,

Espera que ele não trouxesse dor;

Espera não, menina,

Espera não, doutor!

Se ele não trouxer dor,

Não será de verdade o amor;

Porque o amor é remédio,

Para curar a sua própria dor.

Dor de amor é maldade...

 Se embora for, deixa saudades;

Mas se vem pra ficar,

Só então traz a felicidades.

Esperar pelo amor verdadeiro não cansa,

Afinal, quem espera,

Sempre alcança!