sábado, 21 de dezembro de 2019

ANGÚSTIA

Há inércia em tantos olhares que se cruzam e não se vêem,
Em tantos corpos que se esbarram e não se tocam,
Há desejo entre tantas bocas que se falam e não se beijam;
Ah! Há mais verdade nós olhos do cegos,
Do que nas palavras proferidas das bocas que em outrora se desejam,
Ora vejam!
Quem saberá o tempero da angústia do desejo?
Qual não será o sabor daquele beijo?
Como sobreviver a ansiedade?
Sair do foco, viver de verdade?
Como sentir o ar, a brisa que toca o rosto?
Como esquecer da vida, o vivido, cada gosto?
Como retirar dos ombros, o paletó da angústia que à todo custo busca ser a minha pele?
Oh, maldita, dita cuja!
Que antes de novamente adormeceres em meus braços,
Tu te apavores e fuja!
Só para que eu já vá me acostumando à não te ter todos os dias,
Porque quando tu não vieres,
Sei que em mais nada, eu sentirei prazer,
Nem num só segundo eu terei alegrias.
Por quanto, me consome a angústia só de esperar por ti, à hora certa,
Deveras eu desistir de te ter, só por medo de um dia te perder?
Ou deveras eu insistir em te querer,
Angustiado, esperando o anoitecer?
Mas antes que eu te perca,
Ou me consuma a angústia,
Perder-me-ei novamente em teus braços,
Atados ao meu corpo feito um apertado laço,
Pra tatuar em mim, o seu abraço,
Pois se um dia eu te perder,
Só aceitarei outro alguém que cubra em mim,
Exatamente o seu espaço!

José Gomes
São Francisco de Itabapoana RJ

sábado, 7 de dezembro de 2019

SERTÃO FELIZ


Sertão rosa, das rosas do jardim que te fiz,
Sertão azul, do findar das tardes em que te espero;
Aguardando ansioso a sua chegada,
Ai, como eu te quero!
Sertão feliz, ao acordar das noites em que me fazes companhia;
Desperta-me com um sorriso,
Aguarda-me no final da tarde, à perguntar como foi o meu dia.
Segue feliz despelando o seu sorriso,
Quando sussurro em seu ouvido:
Tudo foi bem!
Mas, nada é melhor que está aqui contigo!

José Gomes
SFI/RJ

BEM MAIS QUE NOTAS NO ESPELHO


Eu preciso de bem mais que notas no espelho,
Quero o meu corpo colado ao seu;
Unha na carne,
Marcando o corpo meu.
Talvez para que melhor tu possas me encontrar;
Quero carregar comigo, as tuas marcas,
Pois só o perfume,
O tempo poderá apagar.
As marcas farão-te saber...
Porque tu foges todas as manhãs,
A fera que vérte em ti,
Quatro paredes são incapazes de prender.
Por mais que te busque em cada amanhecer,
Só te tenho às noites,
Quando tu ousas de súbto aparecer.
Desaparecendo outra vez na madrugada;
Deixando apenas uma nota no espelho,
E desta vez, as marcas de tuas unhas, em minha pele tatuada.

José Gomes
SFI/RJ

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A POESIA DOS TEUS OLHOS



O brilho dos teus olhos é pura poesia,
Que invadindo em meio ao breu do meu dia-a-dia;
Depositou em minha vida,
Os mais belos momentos de alegria.

Num gesto de agradecimento pela vida,
Neles, há sorrisos, apesar de toda a dor;
Existe neles, a esperança do júbilo nos dias vindouros,
 Eles refletem a paz e o amor.

Depositados num rosto angelical,
Como se fosse uma pintura;
Retrato da felicidade que o mal não pode alcançar,
pois bem igual, não está à sua altura.

Olhos festivos, não do que vivera,
Mas sim da esperança de uma vida longe da clausura;
Olhar de quem sabe que nunca buscou pelo recebido,
Ao contrário, sempre arrastou consigo o silêncio que lhe preservara ainda a vida, mesmo que repleta de amargura.

Só para te permitir que hoje tu possas fazer reluzir este olhar...
Olhar de poesia, donde jamais poderão imaginar que um dia fôra tão triste;
Olhar que tudo fala, ao coração de quem bem sabe que do amor que tu procuras,
Muito pouco ainda existe.

José Gomes
SFI/RJ

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O PODER


Esse tal poder...
Esse objeto de desejo de tantos,
Esse que por vezes desperta delírios de muitos,
Outrora fôra o algoz de muitos prantos.
Esse tal que me assusta,
Que me tira o sono nas noites e causa-me tristeza.
Objeto do meu repúdio,
Despedaça o mundo e esmaga a natureza.
Na verdade, o poder é faca que sem uma mão não fere,
Não é o poder que temo,
Mas sim a criatura que dele se gere.
Não há fraco que resista ao poder em suas mãos,
Até mesmo aos mais fortes é difícil ter em suas mãos o poder,
E ainda lembrar-se de que todos viemos do mesmo barro,
Que somos todos irmãos.
Nesta batalha em que tenho medo da minha própria fraqueza,
Quero ser sempre um soldado que luta mesmo sem uma arma na mão;
Quero ser mais um, no meio de muitos,
Pois jamais quererei findar minha batalha sendo um solitário capitão.

José Gomes
SFI/ RJ

A MAIS AGUERRIDA

Todos os dias, eu agradeço ao Criador, Por Tua bondade, paciência e dedicação; Fizestes primeiro, todas as coisas, Só por último fizestes...